quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Rio Arnoia

Numa dessas jornadas de pesca pela Galiza tive oportunidade de pescar o famoso rio Arnoia.
Já não me lembro muito bem em que mês foi mas tenho a impressão que foi pelo mês de Julho.

O convite tinha surgido à algum tempo atrás na sequência de uma amizade com um guarda florestal Galego e exímio pescador à pluma residente justamente em Allariz.


Era de aproveitar a oportunidade,até porque a distancia entre Viana e Allariz não é assim muita.
Da parte da manhã pescamos um troço  lindíssimo,rodeado de grandes espaços verdes,com parque infantil,estruturas hoteleiras,trilhos pedestres e de lazer,onde o rio está muito bem tratado apesar de se inserir dentro duma área claramente citadina.
Este é um troço que atravessa a histórica cidade onde a pesca esteve,até à época transacta,restringida à pesca sem morte pelo que as expectativas de boas capturas eram muitas altas.


Recordo-me que o dia estava ameno e bastante nublado e o relato de meu amigo dava conta de existirem grandes exemplares,principalmente nas imediações de 2 grandes açudes que fazem parte do troço(que não é muito extenso).

Como sempre o Zé Macedo foi a minha companhia e nosso amigo (Galego) Alberto não iria  pescar  connosco da parte da manhã devido a assuntos pessoais.

Começamos muito bem,com as  trutas  a subirem bem,sobretudo junto ás margens.
Com o aproximar do grande açude o tamanho das trutas era efectivamente maior.
Quer eu quer o Macedo cravávamos boas trutas  até ao monumento em que a sorte me calhou a mim-uma dessas grandes atacou a pluma(efémera)e arrancou sem parar não me dando chance para lhe por os olhos em cima.
O Macedo deu-me um valente raspanete mas eu nem me importo nada com isso pois a satisfação para mim é a mesma como se tivesse a truta nas mãos.

Não demorou 10 minutos para o momento do dia vir a aconteçer.
Caminhávamos calmamente junto ao rio, e já muito perto da ponte que dá acesso à parte velha de Allariz,quando avistamos umas 4 trutas postas a meia água.
Não eram trutas quaisqueres ,2 eram seguramente muito acima dos 50cm.
Ficamos longos minutos estatizados a  contempla-las;estavam seguramente a comer ninfas.
Então o Macedo,com toda a calma do mundo,resolve montar uma pequena ninfa(simples) e lança.
O primeiro lançamento não correu bem,a ninfa ficara pendurada mesmo por cima das trutas nuns ramos.
Tememos que as trutas se assustassem e fugissem.Mas não,apesar de algum barulho,elas continuavam a alimentar-se e era bem visível a cor abrancaçada das mandíbulas num constante movimento. 
Segunda tentativa,e já as duas trutas mais pequenas,que se posicionavam atrás das duas maiores ,se tinham apercebido da nossa presença,partindo a grande velocidade para o centro do rio.
Desta vez a ninfa caiu a uns 40/50cm das trutas,mas ao lado e abaixo do corpo.
Aí podemos presenciar ao detalhe o comportamento destes peixes.A truta maior reagiu,provavelmente ao barulho da queda na água da ninfa e deu uma volta a 360º atacando a ninfa.
Começou a luta entre pescador e peixe,breves momentos de luta com muitas cabeçadas e correrias,até que se descrava.
A desilusão estava estampada na cara do Macedo ficando sentado longos minutos sem dizer nada.Bem tentei anima-lo mas a cada vez que insistia ele perguntava o que fez de errado!Claro que a pesca ficou por aí e já nada fazia sentido...

Esta jornada estava estrategicamente combinada para coincidir com a feira da cidade para podermos apreciar uma das iguarias mais  emblemáticas da Galiza-o famoso Polpo à feira.


Estava divinal,com cozedura tenra  regado com um não menos saboroso azeite virgem...enfim a pesca também se faz destas coisas!

A parte da tarde o nosso anfitrião tinha-nos reservado um outro troço do Arnoia sem morte desta feita uns km a montante.

Desta uma vez o rio apresentava uma sequência de boas correntes ideal para uma tarde memorável,porém as condições atmosféricas mudaram significativamente formando-se uma violenta trovoada seguida de forte chuvada.
Ainda se fez algumas capturas nos poucos lances que podemos efectuar....
Soube a pouco e ficou a promessa de lá voltar em condições ideais
Um saludo ao amigo Alberto
 Fotografias ©João Dias